17.7.12

12º Capítulo - “vamos só andar por aí”

- Mas o que é que a minha mãe foi fazer? Porque é que ela foi falar com o meu pai? Que cena... - Disse para mim própria. Às vezes dava-me para falar sozinha.
Acabei por esquecer o assunto. Não estava nos meus dias e por isso esqueci-me completamente de que tinha de jantar. Fechei-me no quarto a ouvir música. Aquilo era a única coisa que me fazia sentir bem. Para além de que me sentia como uma adolescente rebelde que se fechava no quarto a ouvir música aos altos berros. Mas não era esse o caso. Naquela situação não o fazia para parecer uma adolescente mas sim porque precisava. Estava mesmo em baixo. Conforme o sono chegava eu ia baixando o som da música e acabei por adormecer. Comecei a mergulhar nos meus sonhos. 
Acordei de manhã, e mal abri os olhos vi o meu pai sentado na cadeira que fica mesmo ao pé da minha cama. Olhei para ele como que surpreendida. Era realmente uma surpresa ter o meu pai ali, no meu quarto, provavelmente à espera que eu acordasse. 
- Bom dia filhota! – Disse ele com um sorriso enorme nos lábios.
- O que é que tu estás aqui a fazer? Quem te deixou entrar? Foi a mãe? Eu não acredito. – Estava terrivelmente assustada, apesar de não saber bem porquê, pois aquele indivíduo não era nenhum estranho… Bem, aos meus olhos era, dado que o tinha conhecido há apenas uns dias. Mas bolas, aquele era o meu pai. Por mais que me custasse a acreditar. 
- Calma, Filipa. Desculpa não te queria assustar. Sim foi a tua mãe que me deixou entrar!
- Mas porquê? Como se encontraram? – Disse eu, deveras surpreendida.
- Isso é uma longa história, mas o principal é que nos encontrámos, conversámos e acabámos por fazer as pazes. Eu dormi cá em casa esta noite.
- O quê? – Estava em estado de choque.
- Eu percebo que isto tudo… - Não consegui ouvir o resto. Mergulhei simplesmente nos meus pensamentos. 
Como é que aquilo era possível? A minha mãe perdoou-o? Uma coisa é eu perdoá-lo, tenho de o fazer, é meu pai, mas outra coisa é… Ainda por cima deixou-o dormir cá em casa. Eu não conseguia acreditar naquilo. Ele, apesar de tudo, tinha-a traído, abandonado e feito sofrer. E agora ele volta, pede meia dúzia de desculpas e ela perdoa-o? Aquilo era definitivamente inacreditável. 
Ele continuava a falar, a explicar provavelmente que não me queria abandonar e blá blá blá. Mas simplesmente não conseguia concentrar-me no que dizia. Aquilo era demasiada informação chocante por um só dia. E ainda só era de manhã!  
- Desculpa mas eu tenho de me vestir, tenho de ir para a escola. Depois falamos. – Dei-lhe a entender que devia sair do quarto, que simplesmente eu precisava de tempo. Tempo e espaço. 
Vesti-me com a primeira coisa que me apareceu à frente, lavei os dentes e peguei numa maçã para comer pelo caminho. 
Lá em baixo estava, como sempre, o Dudu à minha espera. Mal o vi corri de encontro a ele. Sem dizer nada abracei-o. 
- Filipa o que é que se passa? Fala comigo, conta-me o que se passou. – Disse ele visivelmente preocupado. 
Sim, era daquilo que precisava. Precisava de falar, mas essencialmente que alguém estivesse ali e me ouvisse, sem me interromper. E foi isso mesmo que ele fez. Já me conhecia, eu nunca tinha estado assim. Era demasiado para uma criança de 10 anos.
Estávamos quase a chegar à escola quando lhe estava a explicar ao Dudu o que sentia sobre o facto de o meu pai me ter abandonado… Sem conseguir evitar, as lágrimas começaram a cair pela minha cara descontroladamente. Ele abraçou-me e ali ficámos até que me acalmei.
- Olha, queres faltar hoje? Sei lá vamos a minha casa ou andamos por aí… Que achas? – Sugeriu ele.
- Vamos! Bora dar uma volta por aí ou coisa parecida… Não me apetece estar fechada em casa, vamos só andar por aí! Se quiseres, claro. Não te obrigo a faltar, tu é que sabes! – Dizia isto mas no fundo queria que ele viesse comigo. Precisava de desanuviar e se fosse com o meu melhor amigo, ainda melhor!
- Claro que vou contigo, Filipa. Bora?
- Bora! 

9 comentários:

Anónimo disse...

sabe mesmo querida, aproveitar este bom tempo :D

Anónimo disse...

olaa, gostei do blog e ja sigo.
ainda nao tive oportunidade de ler a historia mas vou faze.lo.
podes dar uma vista de olhos e se gostares dares a tua opiniao!? http://writingspace1.blogspot.pt/
Obrigada,
Bjs

katy disse...

fiquei surpresa pelo facto da sua mãe ter perdoado o seu pai.MAS GOSTEI IMENSO :D

quase-princesa disse...

pois é... :D

quase-princesa disse...

Pois é... era mesmo essa a intenção! Mas muito obrigada, ainda bem :D

quase-princesa disse...

Olaa, muito obrigada.
Ainda bem então!
Sim, vou já fazê-lo querida :D
Obrigada eu, bjs.

Cláudia disse...

Ohnnn que fofinhos *---*

quase-princesa disse...

Claro, eles são super fofinhos ihihi *-*

Anónimo disse...

Baldas de palmo e meio :P